Em agosto de 2011, ofereci uma disciplina chamada A história romana na Wikipédia, para o curso de graduação em História da UNIRIO, Brasil. Essa foi a primeira experiência no ensino com a Wikipédia com o apoio do Wikipedia Education Program no Brasil. Hoje o programa já está estabelecido e novas disciplinas são adicionadas a cada semestre, todas incorporando avaliações relacionadas à Wikipédia, em uma grande variedade de cursos.
Neste ano, resolvi fazer uma coisa diferente. Percebi que os trabalhos valendo nota não são a única coisa que podemos fazer. A universidade pode atuar como ponto de partida para apresentar aos estudantes – ou, na verdade, todos – uma visão mais aprofundada do que é a Wikipédia, do que ela pode fazer, de suas limitações e das possibilidades de compartilhar o conhecimento (gosto de chamar isso de “wiki-alfabetização”). Isso já foi feito antes, por grupos de voluntários em todo o mundo, com ou sem apoio da Wikimedia Foundation. Mas as universidades têm como um de seus campos de ação o que chamamos de “extensão” (os outros sendo, naturalmente, ensino e pesquisa), atividades que conectam a academia à sociedade como um todo. Portanto, não seria trabalhar com a Wikipédia algo totalmente encaixado no conceito de extensão?
Em 16 de outubro, juntamente com o embaixador de campus OTAVIO1981, oferecemos uma oficina de 4 horas para estudantes, durante a Semana de Extensão da UNIRIO. Doze estudantes participaram, inclusive vindos de outras universidades, e foram introduzidos aos 5 pilares, com discussões sobre o significado e uso das enciclopédias, confiabilidade, autoria, direitos autorais e escrita colaborativa, tudo através de exemplos retirados das seções, da navegação e dos artigos bons e ruins da Wikipédia.
Com a apresentação dos dois últimos pilares, os estudantes começaram a editar: eles criaram suas páginas de usuário, aprendendo como inserir userboxes (esse recurso da era pré-redes sociais os motiva bastante), e aprenderam a enviar mensagens nas páginas de discussão dos colegas. Havíamos selecionado previamente cinco pequenos artigos da Wikipédia em inglês, que não existiam na versão em português, traduzimos os textos e os distribuímos aos estudantes. Um importante fator era que os artigos tratavam de tópicos da especialidade da professora, para que informações adicionais pudessem ser rapidamente inseridas.
Assim, os estudantes aprenderam formatação básica, como inserir links internos e externos, referências, imagens e categorias. Escolher as imagens mais adequadas já era em si uma atividade importante. Ao fim da oficina, todos tinham seus artigos novos em folha (e corretos) para mostrar a todos. A oficina também contou horas de atividade complementar para a graduação, o que também é importante e motivador para eles.
Oficinas de edição não são algo novo. E, hoje em dia, nem ensinar usando a Wikipédia. Porém, este formato condensado abriu novas possibilidades. O objetivo principal aqui não foi treinar novos editores, nem mesmo melhorar o conteúdo da Wikipédia. Essas são consequências, porque não podemos esquecer que editar é em essência um ato voluntário. Esses estudantes podem nunca mais editar, mas terão se tornado usuários melhores, mais conscientes do processamento e mesmo da geração de informações. Essa é uma necessidade imperiosa hoje, e a Wikipédia, a wiki-alfabetização, é uma das melhores maneiras possíveis de conseguir isso.
Juliana Marques é a Usuária:Domusaurea.
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