Paisagem cultural de Cruz Pampa – Yapatera: território ancestral afroperuano

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Carreta tirada por piajeno en Yapatera, Foto de Luigi Chtaeau-forte CC-BY-SA-4.0
Charrete puxada por asno em Yapatera, Foto de Luigi Chtaeau-forte CC-BY-SA-4.0 Esta imagem é considerada imagem de qualidade

Em um esforço para preservar e promover o patrimônio cultural e ambiental de Yapatera, um centro povoado localizado no distrito de Chulucanas, província de Morropón, Piura, realizamos um impressionante passeio fotográfico e carregamento de registros fotográficos no Wikimedia Commons nos dias 9 e 10 de dezembro de 2023.

O objetivo foi documentar o patrimônio (paisagem cultural) de Yapatera, que contém biodiversidade, ruralidade e cultura afrodescendentes. Esta atividade foi elaborada pela especialista em turismo e consultora Samanta Calle, como base de sua tese de doutorado em Turismo Cultural e Desenvolvimento, que ela vem desenvolvendo no centro povoado menor Cruz Pampa – Yapatera desde 2022.

Desafios e tesouros culturais

O centro povoado menor de Cruz Pampa – Yapatera se mostra um tesouro cultural e agrícola. Com uma produção de destaque de arroz, limão, manga e outros cultivos, bem como uma próspera atividade pecuária que inclui a criação de ovinos, bovinos e suínos. Esta comunidade respira vida e tradição.

Contudo, não está isento de desafios. Problemas derivados de uma gestão ambiental inadequada, como o desmatamento, a gestão inadequada de resíduos sólidos e os impactos na saúde afetam o bem-estar de sua população. Cruz Pampa conta com aproximadamente 900 casas, muitas ainda sem ligações adequadas com a rede de drenagem, e a disposição de resíduos sólidos segue sendo um problema persistente.

Cruz Pampa – Yapatera é uma usina de cultura afrodescendente, sendo o lar da maior população afrodescendente do Peru e de Piura. Aqui são cultivadas tradições orais como a cumanana, versos recitados entre amizades ou em concursos, declarada como patrimônio cultural da nação. Entre os moradores locais que praticam a cumanana estão “El Gordo Guardado”, Noemi Cornejo, Isidoro “Flaco García” e Fernando Barranzuela, entre outros. Também são praticados o baile tierra ou golpe tierra, o tondero e a língua afroyapaterana.

A comunidade também abriga tesouros turísticos como o balneário do Rio La Pilca, o Morro de Yapatera, a cerâmica do mestre Carlos Zapata e o festival da manga que se celebra todo mês de janeiro. Também se encontra a ex-fábrica de açúcar, patrimônio industrial que é um testemunho da época das fazendas e da escravidão, e que, espera-se, conseguirá ser reconhecido formalmente como patrimônio da nação.

Apesar de sua importância cultural e ambiental para Chulucanas e Alto Piura, a comunidade de Cruz Pampa-Yapatera enfrenta ameaças como a invasão de terrenos, que põe em perigo o seu desenvolvimento planejado e os seus valores culturais enraizados.

Demonstração do Baile tierra, por parte de Luzmila Carrasco e Lilian León, artistas yapateranas. Foto de Candy Sotomayor CC-BY-SA-4.0

Compromisso comunitário

A caminhada fotográfica realizada em dezembro foi elaborada por Samanta Calle, em parceria com a população local. Para isso, foram selecionadas e convocadas pessoas da comunidade que desejavam fazer o papel de anfitriãs. Foram escolhidas aquelas que contavam com experiência anterior em expressar suas manifestações culturais e receber visitantes, mas também se incorporaram pessoas da comunidade que participaram pela primeira vez deste tipo de atividade.

Posteriormente, Samanta Calle elaborou um conteúdo interpretativo preliminar para dialogar e negociar com a comunidade a partir de sua própria perspectiva os conteúdos a serem apresentados nas atividades de cada episódio do itinerário. É assim que se decidiu abarcar os dois setores principais do povoado (Cruz Pampa e La Hacienda) e seus elementos de identidade cultural local, bem como espaços naturais. O resultado foi uma caminhada fotográfica em forma de uma rota turística vivencial, que envolveu danças, tradições orais, história, lugares emblemáticos, patrimônio arquitetônico, gastronomia e natureza.

así como espacios naturales. El resultado fue una caminata fotográfica en formato de una ruta turística vivencial, que abarcó danzas, tradiciones orales, historia, lugares emblemáticos, patrimonio arquitectónico, gastronomía y naturaleza. Tal roteiro poderá seguir sendo oferecido pela comunidade de Cruz-Pampa a novas pessoas que a visitarem, bem como por operações de turismo locais, gerando assim recursos econômicos para a população.

Quanto às pessoas participantes da caminhada, estas foram selecionadas tendo em conta um critério interdisciplinar. Participaram quinze pessoas, que atuam como estudantes, docentes ou parte da equipe da Universidade Nacional da Fronteira, integrantes de associações civis locais e coletivos locais, como Peru Women Birders Piura, Tallapoma de Sol y Luna, COLITUR Piura, Turismo Perú Norte, El local León de Yapatera, Takeras Criollo, Asociación de Artesanos Afroyapateranos El Palenque, Club Deportivo CAYSA, Colegio secundario José Pintado Berru, Viveiro Una Casa un Jardín, Comitê Religioso de San Sebastián, Casa da Cultura de Yapatera, Associação Cultural de Danzas Afroperuanas, Alma Yapaterana, El Fogón de la Abuela Chicherio La Petro de Julio, La parcela de Kike y Nino. Bem como entidades públicas como a oficina de iperu do MINCETUR e o governo local.

Rota da paisagem cultural

Ex-fábrica de açúcar de Yapatera. Foto de Elchirafoto CC-BY-SA-4.0

Roteiro dia 1: Sábado, 9 de dezembro

Visita à Praça da Igreja Cruz del Norte. Localizada no bairro no norte de Piura conhecido como Mangachería, porque aqui se estabeleceram as primeiras pessoas negras libertadas em 1846.

Visita à Colina de la Cruz. Nossa primeira parada em Yapatera foi o lugar onde se ergueu a primeira cruz que deu nome a Cruz Pampa. Daqui, realizamos fotografias panorâmicas e observamos os elementos mais emblemáticos do povoado e sua paisagem cultural. Declamação de cumananas a cargo do senhor Juan Manuel “El Gordo” Guardado.

Declamação de cumananas, a cargo de Fernando Barranzuela (filho), e demonstração do baile da terra no restaurante “El León de Yapatera”.  A cargo de Luzmila Carrasco, Lilian León e Fernando Barranzuela (filho).

Liturgia na Igreja San Sebastián. Em honra aos patronos do povoado “Chabaquito” (San Sebastián) e “Señor de la Piedad”.

Visita ao viveiro “Una casa, un jardín”. Empreendimento local que busca contribuir com o meio ambiente e embelezamento do local. Este é um dos vários que já estão em funcionamento.

Casa da Cultura de Yapatera. A Casa da Cultura se define como um museu intercultural. Ali conversamos e compartilhamos sobre saberes dos afrodescendentes no mundo, no Peru e em Yapatera. Nossos anfitriões foram Abel Alzamora e a Organización Cultural de Danzas Afroperuanas (Organização Cultural de Danças Afroperuanas, em tradução livre).

Ex-Fábrica de Açúcar. Este edifício foi reconhecido pela comissão afroperuana do Congresso da República como sítio de memória, história e cultura afro para conhecer a história da Fazenda Yapatera.

Degustação do Copús. Prato típico da região Piura, elaborado com diferentes tipos de carne, tubérculos e plátanos, cozidos abaixo da terra em panelas de barro. 

Escritório de cerâmica de Carlos Zapata. Demonstração das técnicas empregadas, bem como dos temas de identidade local representados.

Amistoso com o Club Deportivo CAYSA. CAYSA é a sigla para Cooperativa Agraria de Yapatera S.A (Cooperativa Agrária de Yapatera S.A, em tradução livre).

Demonstração de marinera e tondero. Ambas as danças têm um componente afrocultural em seu desenvolvimento.

Roteiro dia 2: Domingo, 10 de dezembro

Visitamos La Pilca, como é conhecida a zona do Rio Yapatera, no qual a comunidade costuma se banhar. É conhecida como La Pilca devido às grandes pedras que são trazidas pelo rio. Ao seu redor podem ser vistos juncos e aves locais.

Encerramos o roteiro com a visita ao Mausoléu de Fernando Barranzuela Zevallos. Don Fernando foi um versado decimista e cantador, criador de poesias e canções populares, pesquisador da história de Yapatera e escritor. Seu filho, o senhor Fernando Barranzuela, é cumananeiro, criador de cumananas de diversos tipos e temas, bem como escritor para preservar a história de Yapatera.

Assim que a atividade foi finalizada, conseguiram carregar 174 imagens sobre o valioso patrimônio cultural afroyapaterano no Wikimedia Commons. Além disso, foi fomentado o fortalecimento de uma comunidade fotográfica local, comprometida com a revalorização do patrimônio natural e cultural da região de Piura.

Em suma, esta caminhada fotográfica não apenas contribuiu para a documentação do patrimônio cultural e ambiental de Yapatera, mas também serviu como uma oportunidade para sensibilizar e empoderar a comunidade quanto à proteção de sua herança única. Com cada fotografia tirada, fortaleceu-se o vínculo entre o povo de Yapatera e seu valioso legado cultural, criando um testemunho visual duradouro de sua identidade e sua história.

Encontro com a equipe Cooperativa Agraria de Yapatera S.A. – CAYSA. Foto de Candy Sotomayor CC-BY-SA-4.0

Veja o registro completo no Wikimedia Commons

A foto de destaque da nota web pertenece a Elchirafoto CC-BY-SA-4.0

Saiba mais sobre Cruz Pampa Yapatera no seguinte vídeo

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